Praia Grande implanta sistema de reconhecimento facial em câmeras da cidade
Publicado em 15/08/2019 às 22h57
Município adquiriu e instalou 50 softwares no sistema de monitoramento, que já totalizam aproximadamente 2.600 equipamentos
Na prevenção e repressão à criminalidade, Praia Grande sai na frente em relação ao estado e aposta na tecnologia para capturar procurados da Justiça. Em seu mais recente investimento na área, o município adquiriu e instalou 50 softwares de reconhecimento facial em câmeras de segurança na cidade, que já totalizam aproximadamente 2.600.
Ao custo individual de cerca de R$ 3.500, as licenças do programa de reconhecimento facial foram instaladas em câmeras nas áreas comercial e turística. Elas ainda podem ser remanejadas para locais de eventos e de grande movimentação de pessoas, segundo informa o prefeito Alberto Mourão (PSDB).
De acordo com o titular da Secretaria de Assuntos de Segurança Pública (Seasp), Maurício Vieira Izumi, por questão estratégica, os pontos de instalação dos softwares não podem ser divulgados. Mas eles foram definidos com base em critérios técnicos e na incidência de ocorrências criminais.
As câmeras dotadas com o software, agora, são policiais que trabalham sem folga, 24 por dia. A tecnologia possibilita que procurados sejam identificados, antes mesmo de serem abordados e terem os antecedentes pesquisados. Basta que eles estejam na área de cobertura dos equipamentos.
Quando alguém com ordem de captura estiver diante da câmera, uma notificação é enviada imediatamente ao Centro Integrado de Comando e Operações Especiais (Cicoe), que funciona no térreo da Paço Municipal. O nome do criminoso, a sua fotografia, a sua localização e os dados sobre o seu mandado de prisão são transmitidos à base.
As imagens e demais informações chegam aos telões e às dezenas de monitores do Cicoe, no qual trabalham guardas civis municipais, agentes da Secretaria de Trânsito (Setran) e policiais militares. As informações são repassadas às equipes que realizam o patrulhamento nas ruas, possibilitando a captura do alvo.
Banco de dados
“A tecnologia possibilita que a Guarda Civil Municipal [GCM] e as polícias Civil e Militar atuem em tempo real. É impossível acompanhar na hora tudo o que as 2.600 câmeras captam, mas as que possuem o programa de reconhecimento facial alertam sobre a presença dos procurados”, explica Mourão.
O secretário Izumi, que é coronel da reserva da Polícia Militar, ressalta que Praia Grande “muda o seu conceito de segurança, saindo do patrulhamento físico para o virtual”. Ainda conforme o responsável pela Seasp, a tecnologia empregada pelo município otimiza o efetivo policial, que nunca acompanha o crescimento populacional.
O prefeito divulgou terça-feira (13) que, conforme os mais recentes dados, a cidade está com 352.489 habitantes, fora a população flutuante de cerca de 600 mil pessoas. Por enquanto, os softwares de reconhecimento facial foram alimentados apenas com o banco de dados da Polícia Civil em Praia Grande.
Porém, estão adiantados os diálogos para Praia Grande receber o banco de dados de todo o estado. Recentemente, o delegado geral de polícia, Ruy Ferraz Fontes, conheceu o Cicoe e elogiou as ferramentas tecnológicas empregadas pelo município no combate à criminalidade.
Além dos programas de reconhecimento facial, mais dois já haviam sido adquiridos pela Prefeitura de Praia Grande e instalados em câmeras do município para aprimorar a segurança na cidade.
Um dos programas, conhecido por forense, teve 600 licenças compradas. O outro é o vídeo analítico e está instalado em 1 mil equipamentos. Em média, custaram R$ 1.200 cada.
De alta tecnologia, o programa forense contribui para o esclarecimento de crimes, porque reduz o tempo de análise das imagens gravadas pelas câmeras, a partir da inserção de filtros de busca.
Por exemplo, na hipótese de o autor de um homicídio vestir camisa vermelha, é possível inserir a cor da roupa para o programa forense realizar uma varredura das pessoas filmadas com esse tipo de veste em determinado período.
O mesmo se aplica ao veículo eventualmente usado pelo criminoso, seja ele uma bicicleta, um carro ou uma moto, conforme explicou um agente que atua no Cicoe.
As câmeras dotadas do programa de vídeo analítico, por sua vez, são programadas para disparar um alerta ao Cicoe sempre que surgir algo em determinado local selecionado para ninguém entrar.
Também pode ser programado que o sinal seja emitido com a presença de alguém, em certo lugar, após determinado período. Neste caso, a suspeita ficaria caracterizada com a simples permanência.
Infraestrutura
De acordo com Alberto Mourão, a tecnologia de ponta empregada nas câmeras deve-se aos cerca de 200 quilômetros de cabos de fibra ótica subterrâneos que foram instalados em Praia Grande.
“Esse sistema de monitoramento por câmeras só funciona se houver uma boa conexão de internet. Primeiro montamos essa infraestrura de fibra ótica, que também reduziu o custo de telefonia entre as repartições públicas e possibilitou a informatização nas escolas municipais”, diz o prefeito.
Segundo o chefe do Executivo, os cabos de fibra ótica suportam a expansão do número de câmeras e os moradores e comerciantes do município podem se engajar no aprimoramento da segurança.
Existe lei municipal que autoriza o particular a instalar uma câmera na frente de seu comércio ou casa e conectá-la ao sistema de monitoramento da cidade. Além de serem observadas no Cicoe, as imagens ficam gravadas para auxiliar na elucidação de crimes.
A legislação já tem cerca de 15 anos, conforme o prefeito. Os interessados devem requerer a instalação da câmera à Seasp, que dará as orientações técnicas quanto ao tipo de equipamento compatível com o cabo de fibra ótica e o restante do sistema.
Redução de índices
Com base em dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública, o secretário municipal Maurício Izumi informa que os principais índices de criminalidade apresentaram queda significativa no ano passado, quando passaram a operar as câmeras inteligentes.
“O cerco eletrônico propiciado pelas câmeras aumenta cada vez mais com a integração entre a GCM e as polícias Civil e Militar. Consequentemente, caem os números de homicídios, furtos e roubos”, declara Izumi.
Com a instalação dos programas de reconhecimento facial, forense e vídeo analítico em boa parte das câmeras, a tendência é que os número da violência diminuam ainda mais, segundo o titular da Seasp.
Fonte: Eduardo Velozo Fuccia - A Tribuna.
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